TEOLOGIA


Doutrina da Salvação - Expiação

Doutrinas da salvação – A Expiação Pelo Sangue

Leitura: Hb 9.11-28

Conceito: É a satisfação oferecida à justiça divina por meio da morte de Cristo pelos nossos pecados, em virtude do qual todos os que crêem em Cristo são pessoalmente reconciliados com Deus, livrados de toda a pena dos seus pecados e feitos merecedores da vida eterna.

A expiação é a remoção da causa da inimizade do homem (Rm 5.10). Na expiação a fraqueza, a impiedade e o pecado (mencionados em Rm 5.6-8), fatores causadores da inimizade são removidos. Portanto expiação é o cancelamento da fraqueza (Rm 5.6), da impiedade (Rm 5.6) e especialmente do pecado (Rm 5.8; 1 Jo 1.29; At 3.19).
A causa da expiação: o amor (Jo 3.16; Rm 5.8) e a justiça de Deus (Rm 3.25,26). Por Seu amor Ele deseja salvar-nos, mas Sua justice exige o pagamento da pena pelo pecado. Uma vez que Deus decidiu salvar-nos, a expiação era necessária (Lc 24.25,26; Hb 2.17; 9.25,26). Assim, Ele mesmo pagou por nós, na pessoa de Cristo. A expiação não era necessária para estimular o amor de Deus – o amor foi a origem da expiação, mas para satisfazer Sua justiça.
Algumas Teorias da Expiação
1. Teoria do resgate pago a Satanás – sustentada por Orígenes, teólogo de Alexandria: afirmava que Cristo pagou o resgate a Satanás, em cujo reino se encontravam todas as pessoas devido ao pecado. Não encontra confirmação direta nas Escrituras e tem poucos defensores na história da igreja, uma vez que era a justiça divina que exigia satisfação e Satanás não tem direito de exigir nada de Deus.
2. Teoria da influência moral – defendida por Abelardo, teólogo francês: sustenta que a morte de Cristo foi apenas um exemplo de como Deus ama o homem e não o pagamento de uma exigência. Esta demonstração de amor nos leva à gratidão e ao amor e, portanto, ao arrependimento e à fé. Esta teoria vai de encontro a muitas passagens que mostram Cristo morrendo pelos pecados.
3. Teoria da Satisfação – proposta por Anselmo: diz que o pecado ofende a honra de Deus, o que exige satisfação. Nós, porém, não poderíamos pagar uma dívida tão grande. Somente Deus poderia pagar este preço e como eram os homens os devedores, somente um Deus-homem poderia dar uma satisfação plena. Entretanto, esta teoria apresenta Deus como um senhor feudal que exige satisfação de seus vassalos, sem considerar o caráter amoroso de Deus e enfoca mais aspectos quantitativos – Cristo pagou a soma exata dos pecados – do que qualitativos, da dignidade do sofrimento de Cristo.
4. Teoria Governamental – proposta por Hugo Grotius, teólogo holandês: sustenta que Deus não tinha realmente que exigir pagamento pelo pecado, mas para mostrar que Ele é o Legislador do Universo e quando uma de Suas leis é quebrada uma pena terá que ser paga. Assim, Cristo não paga a pena por nossos pecados, mas apenas cumpre a lei divina. Contrariamente, a Bíblia fala da morte vicária de Cristo por nós.
5. Teoria da Substituição Penal – declara que Cristo suportou em nosso lugar a total penalidade que deveríamos pagar. Ele morreu não somente em nosso benefício, mas em nosso lugar. Cristo identifica-se com a raça humana, tornando-se igual a nós, mas sem pecado. Mostra um equilíbrio entre a ira e o amor de Deus, pois foi por amor que Ele mandou Cristo para pagar por nossa culpa.
A morte de Cristo foi substitutiva
Ele não morreu por seus próprios pecados (Jo 8.46; 1 Pe 2.22; Hb 4.15). Ele morreu pelos pecados dos outros (Is 53.5,6; 2 Co 5.14,15,21; 1 P2 2.22-24).
O Alcance da Expiação
A expiação é universal, mas não no sentido de que todos serão salvos, mas que a obra de Cristo provê salvação para todas as pessoas. A oferta sacrificial de Cristo tornou a salvação possível a todo aquele que crê (1 Tm 2.6). É universal no sentido de provisão, mas condicional na sua aplicação ao indivíduo (Jo 3.16,17; Rm 5.8,18; 2 Co 5.14,15; 1 Tm 2.4; 4.10; Hb 2.9; 10.29; 2 Pe 2.1; 1 Jo 2.2; 4.14). Cristo morreu mesmo pelos que podem vir a perecer (Rm 14.15; 1 Co 8.11; Hb 10.28,29). A Bíblia mostra também textos que mostram que Cristo morreu pelas ovelhas (Jo 10.11,15) e pela igreja (Ef 5.25; At 20.28), o que é plenamente verdade, sem anular a idéia de que Ele morreu também por aqueles que não crêem.
Benefícios incondicionais da expiação
1. A Existência contínua da raça – Se não fosse pela intervenção divina, a morte imediata dos primeiros pais seria inevitável e com ela terminaria a vida humana.
2. A Restauração de todos os homens à salvabilidade – a provisão proveu o dom gratuito da graça a todo o que crê.
3. A salvação das crianças – apesar de não haver declaração explícita nas Escrituras, não podemos chegar a outra conclusão à luz do amor e da graça divina.
Benefícios condicionais da expiação
Alcançados somente pelos que aceitam a Jesus como seu Salvador:
a) A Justificação
b) A Regeneração
c) A Adoção
d) A Santificação
Obras consultadas
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999.










HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
SEVERA, Zacarias de Aguiar. Manual de Teologia Siatemática. Curitiba: A. D. Santos, 1999.
WILEY, H. Orton; CULBERTSON, Paul T. Introdução à Teologia Cristã. São Paulo: Casa Nazarena de Publicações, 1990.

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Salvação - Regeneração

A Doutrina da Regeneração
Texto bíblico: Jo 3.5,7
A regeneração, juntamente com a adoção, caracteriza a filiação cristã. Regeneração é um ato de Deus que por Seu Espírito Santo Ele ressuscita um pecador da morte espiritual, fazendo-o uma nova criação (Jo 1.12-13; 5.25; 2 Co 5.17; Ef 1.19-20; Rm 8.14-17; 2 Pe 1.4; 1 Jo 3.9-10).
A regeneração é a resposta divina para a morte espiritual e a depravação moral; a justificação é a resposta divina ao problema da culpa.
Regeneração não é:
1. Mudança de religião: isto é apenas proselitismo. Nicodemos era religioso;
2. Mudança de coração: a regeneração é algo que é dado ao homem, não mudado;
3. Reencarnação: crença de que uma pessoa nasce “encarna” várias vezes;
4. Batismo nas águas: um símbolo externo de uma realidade interior.
5. Reforma moral: melhora de comportamento, mudança externa, conformidade a um código de regras de conduta;
Diferentes designações:
1. Novo nascimento: (Jo 1.13; 3.3,6-7; 1 Pe 1.3,23; 1 Jo 3.9; 5.1,18);
2. Ressurreição ou novidade de vida: (Rm 6.4-13; Ef 2.4-6; Cl 2.12-13; 3.1-3);
3. Nova criação: (2 Co 5.17; Gl 6.15);
4. Novo coração ou mente: (Jr 24.7; 31.33; 32.38-39; Ez 11.19-20; 36.25-27; Hb 10.16);
5. Conversão: (Ez 33.11); das trevas para a luz (At 26.18); dos ídolos para Deus (1 Ts 1.9);
6. Passar da morte para vida: (Jo 5.24; 1 Jo 3.14).
Meios de regeneração:
a) O Espírito Santo: o poder da regeneração é o mesmo poder que ressuscitou Cristo dentre os mortos (Ef 1.18-20; Tt 3.5; 2 Pe 1.4).
b) A Palavra de Deus: A comunicação da mensagem de Deus é que gera vida no pecador (1 Pe 1.23; Tg 1.18).
Não é gerado pelo esforço humano (Tt 3.5; Jo 1.23; ef 2.8,9), mas pela graça de Deus.
É o poder da Palavra e do Espírito que capacita uma pessoa a ver a verdade e a se arrepender do seu pecado. Por este mesmo testemunho poderoso à verdade, o pecador é levado a crer no Filho de Deus, e a seguir a santidade de vida (1 Co 1.18-25; 2.12-15; 2 Co 4.3-6)
Para nascer de novo, o homem só precisa aceitar a Jesus como salvador (Jo 1.12). Esta resposta humana não transfere para este a iniciativa da salvação. Podemos observar esta participação no comparativo que Jesus estabeleceu entre a serpente erguida por Moisés e a sua morte. Para os picados pelas serpentes ardentes não havia o que ser feito para se salvarem; é a mesma situação do homem. Porém, Deus anunciou que todos os que olhassem para a serpente de metal seriam salvos; mensagem de salvação é universal e graciosa. Aos pecadores perdidos alcançados pela mensagem do evangelho resta somente crer na salvação poderosa o bastante que Deus providenciou. A confiança demonstrada na promessa divina não é e nem será contada como mérito humano. Se assim fosse, seria o mesmo que considerar que um simples olhar dos ‘mortos’ no deserto para a haste de metal erguida por Moisés, foi o que os livrou da morte certa, e não Deus. Seria o mesmo que dizer que ao olhar para a haste erguida, eles auxiliaram Deus na nova oportunidade de vida alcançada (Is 45.22).
Deus é o autor da salvação. Para este propósito Cristo é o Cordeiro de Deus morto desde a fundação do mundo. Cristo é o tema do evangelho, a graça de Deus. Resta aqueles que ouvem a mensagem do evangelho crer e descansar. Nada é exigido por Deus, basta olhar na direção da cruz de Cristo.
A salvação só é efetivada sobre aqueles que crêem na mensagem anunciada e, pela fé, alcançam a regeneração.
Deus em sua soberania decidiu que seria assim. Alguns homens resistem à mensagem da salvação. Então a vontade do homem é mais forte que a vontade de Deus? Não, porque Deus permite que seja assim: somente seria salvo aquele que cresse (Mc 16.16). A graça preveniente capacita o homem a dar uma resposta positiva a Deus. Deus usa essa graça sobre todos os homens.
A Necessidade de Regeneração
A regeneração é necessária, pois o homem se encontra morto em seus delitos e pecados (Ef 2.1,5; Cl 2.13; 1 Jo 3.14).
Pois para ter comunhão com Deus é preciso ter santidade e o homem está tem uma natureza pecaminosa. Somente Deus pode dar-lhe uma nova vida em santidade (Ef 1.4; Cl 1.22; Hb 12.14).
Para se alcançar o reino de Deus. Assim como o nascimento natural nos introduz no mundo natural e temporal, assim o nascimento espiritual nos introduz no reino espiritual e eterno. Como não é possível experimentar o mundo físico sem ter nascido nele fisicamente, assim também não podemos experimentar o mundo espiritual sem ter nascido nele espiritualmente (Jo 3.3,5,7);
A Bíblia mostra a necessidade do homem aceitar a salvação – se converter – em resposta à mensagem do evangelho (Mt 18.3; Mc 4.12; Lc 22.32; At 9.35; 11.21). Deus não impõe esta verdade ao homem, num adestramento involuntário, mas o homem precisa abrir seu coração para Deus, que efetua a conversão no homem (Ef 1.13). O homem crê na Palavra antes da regeneração, mas isto não produz o novo nascimento, numa relação de causa e efeito. O único agente na regeneração é o Espírito Santo. A regeneração é monergística.
“A alma coopera ou é ativa no que precede e no que sucede à mudança, mas a mudança propriamente dita é algo que se experimenta, não algo que se faz. É possível que os cegos e os coxos que acorreram a Cristo tenham enfrentado muitas dificuldades para chegar à sua presença, e prazerosamente exerceram as novas faculdades que lhes foram comunicadas, mas foram inteiramente passivos no momento da cura. De forma alguma cooperaram na produção daquele efeito. O mesmo deve ser o caso na regeneração, se esta é o efeito do poder onipotente tanto como na abertura dos olhos dos cegos ou na cura dos ouvidos dos surdos através de uma palavra.” Charles Hodge, Teologia Sistemática, p. 996.
Resultados da regeneração:
O homem torna-se filho de Deus e herdeiro dos céus (Rm 8.16,17);
Torna-se uma nova criatura e participante da natureza divina (2 Co 5.17; 2 Pe 1.4)
É uma restauração da imagem de Deus no homem (Cl 3.10)
É uma restauração do propósito original do homem em devoção a Deus.
Evidências da regeneração:
a) Dar frutos (Mt 7.17; Tg 3.8-12);
b) Vitória sobre o pecado e o mundo: (1 Jo 3.9; 5.4, 18);
c) Santidade: (1 Jo 2.29);
d) Amor: (1 Jo 3.14);
e) Temor a Deus: (1 Jo 5.18).
f) Mudança de mente: tem a mente de Cristo (1 Co 2), renova a mente (Rm 12.2)
g) Boas obras: evita o mal e pratica misericórdia (Tg 1.27).
Regeneração batismal
É a crença que uma pessoa tem que ser batizada para ser salva. Aqueles que defendem esta idéia baseiam-se em Jo 3.5 e outros textos. Entretanto, “água” é um símbolo da Palavra de Deus (Ef 5.26, 1.13; 1 Pe 1.23; Tg 1.18,21). O batismo é um passo de obediência importante para um cristão, mas não é necessário para salvação. Este ato ilustra a identificação do Cristão com a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo (Rm 6.3-4). A ação de ser imerso em água ilustra ser sepultado com Cristo e a ação de sair da água retrata a nova vida que se recebeu nele.
Batismo é o símbolo do que já aconteceu no coração e na vida daquele que creu em Cristo como Salvador e não um meio de obter-se a salvação, que é apenas pela graça e não por obras (Ef 2.8,9).
Obras consultadas:
DUFFIELD, Guy P.; VAN CLEAVE, Nathaniel M. Fundamentos da Teologia Pentecostal. São Paulo: Quadrangular, 2000.
WILEY, H. Orton; CULBERTSON, Paul T. Introdução à Teologia Cristã. São Paulo: Casa Nazarena de Publicações, 1990.
THIESSEN, Henry Clarence. Palestras
em Teologia Sistemática. São Paulo: IBR, 2006.
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Doutrina da Salvação - Justificação

Doutrinas da salvação – A Justificação Pela Fé
Leitura: Rm 5.1-17
Definição
É um ato judicial de Deus, no qual Ele declara, com base na justiça de Jesus Cristo, que todas as reivindicações da lei estão satisfeitas a favor do pecador (At 13.39; Rm 5.1,9; 8.30-33; 1 Co 6.11; Gl 2.16; Gl 3.11). Na justificação estão incluídos o perdão, a adoção, a substituição vicária e a imputação.
O uso na Bíblia do termo justificar indica uma declaração legal da parte de Deus, na qual Ele nos declara justos, nos justifica (Rm 3.20, 26, 28; 5.1; 8.30; 10.4, 10; Gl 3.24; Is 50.8). A idéia de que a justificação é uma declaração legal fica clara no contraste com a condenação (Rm 8.33,34). A justificação é um ato forense de imputação da justiça de Cristo ao crente e não uma infusão de santidade no indivíduo. Ou seja, não é o caso de tornar uma pessoa boa, mas declará-la justa. Justificação é um ato judicial de Deus que ocorre no tribunal divino e não na alma humana, como a regeneração. Na regeneração, Deus age em nós; na justificação Ele age por nós. Se justificar fosse tornar bom, justo, não fazia sentido textos onde Deus condena quem justifica o culpado (Pv 17.15; Is 5.23).
A justificação envolve dois aspectos:
a) O perdão dos pecados – não temos mais que pagar pelos pecados cometidos. (Rm 8.1, 33, 34; 4.6-8; Jo 5.24; Lc 18.14). Entretanto, se Deus apenas nos perdoasse, ficaríamos em situação neutra diante dele.
b) A imputação da justiça de Cristo – Deus considera a justiça de Cristo como sendo nossa (Rm 4.3; 5.17,19). Na Bíblia, vemos três vezes a imputação de culpa ou justiça: 1. Quando Adão pecou, sua culpa foi imputada a nós; 2. Quando Cristo morreu, nossos pecados foram imputados a Ele; 3. Na justificação, a justiça de Cristo é imputada a nós. Não se trata de nossa justiça própria, a justiça de Jesus que gratuitamente é atribuída ao homem (Fp 3.9; 1 Co 1.30).
A justificação é efetuada inteiramente pela graça de Deus e não pelos méritos humanos (Rm 3.20, 23, 24). Não é por causa de nossa bondade, mas unicamente pela bondade de Deus, revelada na obra de Cristo (Rm 5.17-19). A base da justificação encontra-se na obra mediadora de Cristo, pois Ele satisfez a justiça divina por seu sacrifício propiciatório, como representante do homem. A justificação não ocorre por causa de nenhuma boa obra humana. Se nossa justiça provém da obediência à Lei, Cristo morreu em vão (Gl 2.21). Não é por muitos anos de serviço na igreja, mas tão somente pela graça divina em nosso favor (Gl 3.24).
Como alcançamos a justificação?
Apropriamo-nos desta dádiva divina através da fé em Cristo (Gl 2.16; Rm 3.25, 26, 30; 5.1). A fé demonstra nossa dependência de Cristo no que tange à nossa salvação (Rm 4.16). No entanto, a fé não é o fundamento da justificação, mas apenas a mão estendida para aceitar o dom de Deus.
A justificação envolve três partes, todas voluntárias: Jesus dispõe-se voluntariamente a morrer por nós e unir-se com o pecador; O pecador dispõe-se a aceitar esta salvação, unindo-se a Cristo; O Pai aceita isto de bom grado. Assim, tudo é completamente ético e legal.
Fé e obras
A Epístola de Tiago diz que somos justificados por obras e não por fé somente (Tg 2.24). Porém, Tiago está usando a palavra justificado num sentido diferente de Paulo; não “declarar justo”, mas “provar ser justo” (Lc 16.15; 10.28,29; Mt 11.19; Lc 7.35; Rm 3.4). Tiago está argumentando contra aqueles que dizem ter fé, mas não apresentam mudança alguma em suas vidas (Tg 2.18).
A Bíblia é clara em declarar que a justificação não é pelas obras (Ef 2.8-10), mas indica que o crente justificado deve praticar obras apropriadas à sua nova natureza (2 Co 13.5; Gl 5.19-24). A imputação da justiça vem sempre acompanhada da santificação interna (1 Co 6.11). Se a nossa culpa do pecado foi removida pela obra de Cristo e somos agora novas criaturas, devemos andar de forma diferente do tempo em que vivíamos na perdição, longe de Deus (1 Pe 4.2). Se os crentes vivem na mentira, na desobediência, na sensualidade igual aos incrédulos, que diferença haverá?
Conseqüências do Pecado
É necessário fazer-se a distinção entre as conseqüências temporais e eternas do pecado. Quando alguém é justificado, as conseqüências eternas do pecado são canceladas, mas as conseqüências temporais não são necessariamente removidas. Davi, por exemplo, sofreu as conseqüências do seu pecado, mesmo tendo sido perdoado (2 Sm 12.13,14). O ladrão da cruz morreu agonizando ali, apesar de ter sido perdoado (Lc 23.43; Jo 19.31,32). O pecado é algo grave. Mesmo o perdão de Deus sendo ilimitado e acessível, o pecado trará conseqüências graves.
Importância desta doutrina
1. É a verdadeira esperança para pecadores que nunca poderiam justificar-se a si mesmos, mas que pela fé em Cristo serão justificados por Ele.
2. Dá-nos confiança de que Deus nunca nos fará pagar por pecados perdoados pelos méritos de Cristo.
3. Traz-nos paz com Deus (Rm 5.1) e preserva-nos da Sua ira (Rm 5.9). Temos a certeza da glorificação final (Rm 8.30) e a libertação presente da condenação (Rm 8.33,34), além da herança da vida eterna (Tt 3.7).


Obras consultadas:


ERICKSON, Millard, T. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997.
DUFFIELD, Guy P.; VAN CLEAVE, Nathaniel M. Fundamentos da Teologia Pentecostal. São Paulo: Quadrangular, 2000.
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999.
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
SEVERA, Zacarias de Aguiar. Manual de Teologia Sistemática. Curitiba: A. D. Santos, 1999.
WILEY, H. Orton; CULBERTSON, Paul T. Introdução à Teologia Cristã. São Paulo: Casa Nazarena de Publicações, 1990.
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Doutrina da Salvação - Adoção

Doutrinas da salvação – Adoção
Leitura: Rm 8.1-17
Adoção é um ato pelo qual Deus nos faz membros de Sua família. É um ato da graça soberana, pelo qual Ele nos concede todos os direitos, privilégios e obrigações da afiliação àqueles que aceitam a Jesus Cristo como salvador.
O apóstolo João fala diversas vezes que somos filhos de Deus (Jo 1.12; 1 Jo 3.1,2). Paulo também afirma repetidamente esta verdade (Rm 8.14-17; Gl 3.26).
O termo “adoção”, na sociedade de hoje, é o meio pelo qual um estranho pode tornar-se membro de uma família. O dicionário Aurélio assim define “adotar”: Atribuir (a um filho de outrem) os direitos de filho próprio; perfilhar, legitimar. Era comum entre os romanos, quando até mesmo um escravo podia tornar-se filho, passando a ter direito ao nome, às possessões e a posição do pai adotivo. O pai também tinha direito à propriedade absoluta do filho. Entretanto, este termo é empregado na Palavra de modo diferente, significando “colocar como filho”. Na experiência humana, o nascimento legítimo e a adoção nunca se misturam na mesma pessoa. Não há uma ocasião para um pai adotar seu próprio filho. Na esfera divina, todo filho nascido de Deus é adotado no momento em que nasce. Deus nos adota e nos faz participantes da Sua natureza (2 Pe 1.4; Hb 12.10).
A adoção no AT
Deus apresentou-se no AT como Pai (Sl 103.13; Is 43.6,7; Ml 1.6; 2.10), mas foi somente quando Cristo veio e morreu por nós que os plenos benefícios e privilégios de ser membro da família de Deus ocorressem, dando o Espírito Santo o Seu testemunho em nosso espírito (Rm 8.16).
O termo não ocorre no AT, mas vemos sua idéia ali (Pv 17.2). Vemos provavelmente o uso deste ato legal no caso de Moisés (Ex 2.10; Hb 11.24). Entre os judeus, podemos ver, possivelmente, que Abraão adotou Eliezer (Gn 15.2,3) e Mordecai adotou Ester (Et 2.15). Também era possível que um avô adotasse seus netos como filho, como no caso de Jacó, adotando Manassés e Efraim (Gn 48.5).
Como nos tornamos filhos de Deus?
Pela fé em Jesus (Jo 1.12; Gl 3.26).
Todos os homens são criaturas de Deus, mas somente aqueles que crêem em Cristo podem ser realmente chamados filhos. Somente através da fé no Filho de Deus, o homem pode retornar ao seu estado original de comunhão íntima com Deus: O Filho de Deus se tornou homem para que os homens pudessem tornar-se filhos de Deus.
As Escrituras não associam a adoção com a regeneração, o novo nascimento, mas com a fé em Cristo, ou seja, Deus nos aceita em Sua família em resposta à nossa fé. A adoção ocorre ao mesmo tempo que a justificação e a regeneração, mas na ordem do pensamento aparece depois, sendo também independente da justificação. Deus poderia nos perdoar sem adotar-nos, mas Ele é tão maravilhoso que nos torna membros de sua própria família. A regeneração tem a ver com a nossa vida espiritual interior, a justificação com nossa posição diante de Deus e a adoção com a nossa comunhão íntima com Deus como nosso Pai.
Se Deus tivesse apenas perdoado os nossos pecados e nos resgatado, já seria muito mais do que merecíamos, mas seríamos apenas seus servos. Mas agora somos adotados por Ele para sermos mais que servos: somos Seus filhos! Não temos com Deus apenas uma relação de temor, mas de íntima comunhão.
A adoção foi planejada “antes da fundação do mundo” (Ef 1.4,5), nos alcança no presente (Rm 8.15) , mas será plenamente realizada na ressurreição dos mortos (Rm 8.23).
Temos uma bela ilustração desta condição dos filhos de Deus na vida de Mefibosete (2 Sm 9). Ele era filho de Jônatas, não de Davi. Era aleijado, desgraçado, sem herança e sem direitos. Reconheceu-se como servo de Davi, mas por causa da aliança que o Rei fizera, passou a comer à mesa “como um dos filhos do Rei” (v11). Davi restituiu-lhe a herança, os servos, a terra e a sua posição no palácio real, tirando-lhe da condição de “cão morto” para a posição de príncipe. Deus é aquele que nos tira do monturo, nos dá um lugar entre os príncipes e nos dá uma família (Sl 113.7-9).
Evidência da adoção:
a) O impulso íntimo que nos impele a considerar Deus como nosso Pai (Rm 8.15);
b) O testemunho do Espírito Santo (Rm 8.15,16; Gl 4.6; 1 Jo 5.10), que corrobora com o nosso espírito;
c) A comunhão existente entre nós, o Pai e o Filho, num contato espiritual genuíno (1 Jo 1.3);
d) A comunhão criada entre os crentes, como uma família (1 Jo 1.7; Ef 2.19).
Benefícios da adoção:
Ao longo da história humana, existiram muitos imperadores e reis que se consideraram verdadeiros “donos do mundo”. Seus filhos certamente gozaram de muitos benefícios. Mas os que aceitam a Jesus são verdadeiramente filhos do Senhor do universo e são muitos os benefícios de sermos Seus filhos. Alguns deles são:
a) Pertencer à família de Deus (Ef 3.15; Hb 2.11; Mt 12.49; 25.40; Jo 20.17).
b) Podermos tratar Deus como nosso Pai (Mt 6.9) e não somente como Senhor (Gl 6.7). Ele nos entende (Sl 103.13,14) e cuida de nós como um Pai (Mt 6.32).
c) Sermos feitos herdeiros (Rm 8.17; Gl 4.7; 1 Pe 1.4). Tudo o que é de Cristo é nosso (1 Co 3.21,23; Lc 15.29-31). Temos um reino (Lc 12.32), uma pátria superior (Hb 11.16), uma coroa de vida (Tg 1.12) e um eterno peso de glória (2 Co 4.17).
d) Ter a confiança de fazer parte da família dos salvos, sem medo (Rm 8.15).
e) Ter o privilégio de sermos guiados pelo Espírito Santo (Rm 8.14).
f) Sermos disciplinados por Ele (Hb 12.5,6,7,10).
g) Ter, já no tempo presente, a assistência dos anjos (Hb 1.14).
h) Ter uma comunhão mútua, com os irmãos, mais íntima que há entre os anjos (At 15.36; 1 Tm 5.1,2)
i) Ter, no porvir, a glória, um corpo glorioso (Rm 8.17,23).
Obrigações da Adoção:
O fato de sermos filhos de um Pai tão especial nos traz também algumas obrigações:
a) Devemos imitar nosso Pai (Ef 5.1; 1 Pe 1.14-16; Lc 6.35; Mt 5.44-48).
b) Devemos honrar e glorificar nosso Pai (Mt 5.16; Fp 2.15; 1 Jo 3.10; 1 Pe 2.12).
Obras consultadas:
CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. 6ª edição. São Paulo: Hagnos, 2002.
DUFFIELD, Guy P.; VAN CLEAVE, Nathaniel M. Fundamentos da Teologia Pentecostal. São Paulo: Quadrangular, 2000.
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999.
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
WILEY, H. Orton; CULBERTSON, Paul T. Introdução à Teologia Cristã. São Paulo: Casa Nazarena de Publicações, 1990.
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Doutrina da Salvação - Eleição

Doutrina: Eleição e Predestinação
Leitura: 1 Pe 1.1-21.
Eleição é “o ato soberano de Deus, pela graça, através do qual ele escolheu em Cristo Jesus, para salvação, todos aqueles que previu que o aceitariam” (Thiessen citado por DUFFIELD). Predestinação é um termo mais abrangente, que envolve a eleição (para os crentes) e a reprovação (para os incrédulos).
A Palavra de Deus fala sobre a soberania de Deus na salvação do homem, mas a Bíblia também fala sobre a responsabilidade humana diante da oferta da salvação. É necessário manter-se o equilíbrio ao considerar-se este tema:
Toda iniciativa é de Deus
A salvação vem de Deus (Sl 3.8). Toda a iniciativa da salvação vem do Criador. Não foi o homem quem escolheu salvar-se, mas Deus quem quis oferecer ao homem a comunhão com Ele mesmo e a vida eterna, pois o homem estava morto espiritualmente e não podia dar vida a si mesmo (Ef 2.1-3,5,6). Cristo diz aos discípulos: “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós” (Jo 15.16). O pecador sem a graça de Deus, não entende nem aceita as coisas de Deus (1 Co 2.14; 2 Co 4.4; Ef 4.18). A Bíblia afirma que todos pecaram (Rm 3.23) e que nossas justiças não têm valor redentivo diante de Deus (Is 64.6; Ef 2.8-10).
A Bíblia afirma a eleição (1 Ts 1.4; Cl 3.12; Ef 1.4,5; 2 Ts 2.13). Vemos a eleição dos anjos (1 Tm 5.21), de Cristo (Mt 12.18; 1 Pe 2.4,6) e dos crentes, individual (Rm 16.13; 2 Jo 1.1,13) ou coletivamente (Rm 8.33; 1 Pe 2.9). Em nenhum ponto, contudo, a Bíblia ensina predestinação para condenação (reprovação), e não é necessário, pois todos pecaram e, sem a graça de Deus, estariam perdidos.
Deus tomou a iniciativa quanto a:
a) O propósito de salvar – determinado antes da fundação do mundo (Ef 1.4; Rm 8.28; 2 Ts 2.13; 2 Tm 1.9). Deus, em Sua sabedoria, sabia que o homem pecaria, então juntamente com o propósito de criar, também determinou salvar.
b) O meio de salvação – a morte de Cristo (Ef 1.4,5). Todos os atos envolvidos (encarnação, crucificação, ressurreição, ascensão, retorno) foram planejados (Ap 13.8; At 2.23,24).
c) Os indivíduos salvos – Deus elegeu todos os que hão de ser salvos (Ef 1.4,5; Rm 8.28-30; 1 Pe 1.2; At 13.48; 2 Ts 2.13,14). Esta eleição foi feita segundo a presciência de Deus (Rm 8.29; Ef 1.4; 1 Pe 1.2). Não dependente da presciência, como um passo posterior, mas intrinsecamente ligada a ela.
Em seu perfeito conhecimento, Deus sabe todas as coisas antes que elas aconteçam (Rm 4.17). SEVERA cita Henry Thiessen para explicar a eleição na base da fé prevista por Deus, mas não uma fé comum, senão uma fé produzida pela graça divina: “como a humanidade está irremediavelmente morta em delitos e pecados e nada pode fazer para obter a salvação, Deus graciosamente restaura a todos os homens a capacidade suficiente para fazer a escolha na questão da submissão a ele. Esta é a graça salvadora de Deus que apareceu a todos os homens – Tt 2.11. Em Sua presciência, Ele tem consciência do que cada um vai fazer com esta capacidade restaurada, e, então, elege os homens para a salvação em harmonia com Seu conhecimento da escolha que fazem a respeito dEle”. Assim, tudo é pela graça (Jo 6.44; 16.8,9; Ef 2.8) – grifo nosso.
É necessário fazer uma distinção entre a presciência e predestinação. Deus pode prever algo sem determinar que isso aconteça. Por exemplo, Deus previu a entrada do pecado no mundo, mas não determinou que isto acontecesse.
A responsabilidade humana
Deus deu às suas criaturas o livre-arbítrio (liberdade de ação). Todos reconhecem a liberdade com um bem (ninguém faz passeatas contra ela!). Contudo, esta liberdade de escolha moral acarreta tanto a escolha de fazer o bem quanto o mal. É bom ser livre, mas a liberdade torna o mal possível. Deus nos deu a liberdade, mas somos responsáveis pelos nossos atos livres. Alguns teólogos afirmam que o homem é livre apenas para fazer o que deseja, e como só deseja pecar, não é livre para fazer o bem, pois somente Deus dá o desejo para o bem. No entanto, seguindo este raciocínio, quem deu ao diabo e a Adão o desejo de pecar, visto que Deus os criou bons? Para não acusar Deus de haver criado o mal – algo impensável (Tg 1.13) -, temos que aceitar que o pecado é fruto da vontade das criaturas e, portanto o homem é livre para fazer algo além do que deseja (Rm 7.15,19; Gl 5.17), embora, por causa da queda, necessita da graça de Deus para fazer o bem.
A Bíblia mostra que o homem fica livre e responsável por suas decisões (Lc 9.23; Ap 22.17). Somos responsáveis pelo que fazemos (Gl 6.7) Se os seres que Deus criou não puderem ser responsabilizados por suas escolhas certas, também não poderão ser responsabilizados pelas escolhas erradas. Assim, seríamos obrigados a aceitar a idéia de que o homem não foi responsável pela queda, como o diabo não foi responsável pelos seus erros, o que foge completamente à verdade. O homem tem a capacidade de fazer escolhas, embora precise da ação do Espírito Santo para reconhecer seu estado pecaminoso e aceitar a Cristo como seu Salvador.
No plano geral de Deus, a obra de Cristo visa a todos (Gn 12.2; Mt 28.19,20; 1 Jo 2.1,2; Ef 3.6; 2 Pe 3.9, 1 Tm 2.3,4, Tt 2.11, Ez 33.11). Cristo morreu para oferecer a salvação a todo homem (Hb 2.9; At 17.30). Dentro desse plano vem a eleição, que inclui a liberdade e responsabilidade do indivíduo (Rm 2.12; Mt 11.20-24).
Deus não faz acepção de pessoas (Rm 2.4-11, At 10.34). Desta maneira, não escolheria uns para salvação e outros para perdição, sem dar-lhes oportunidade de tomar uma decisão. O que leva o homem à perdição não é a falta de eleição, mas o pecado e a falha em não aceitar Jesus (Mc 16.16; Jo 3.18).
O pecador não é salvo por crer, ou seja, pelo seu ato, mas pela graça de Deus, por meio da fé (Ef 2.8,9). Os crentes foram vistos antecipadamente em Cristo quando Deus os escolheu. Eles estavam em Cristo porque aceitaram pela fé a oferta da salvação que Ele fez.
Soberania divina x Livre-arbítrio humano
A soberania divina e o livre-arbítrio humano não são conceitos mutuamente excludentes. O direito de escolha do homem não anula o controle de Deus, pelo contrário, exalta-o. É preciso ser muito mais poderoso para manter o controle num universo de múltiplas escolhas do que num universo de “cartas marcadas”, onde tudo segue uma ordem previamente estabelecida, sem possibilidade de mudanças.
Podemos ver esta ocorrência conjunta, do livre-arbítrio e da soberania, na morte de Cristo:
a) Deus determinou que Cristo morreria, antes da fundação do mundo (At 2.23)
b) Entretanto, Cristo afirma que se entregou (Jo 10.17,18)
c) Deus sabe tudo (Is 46.10, Sl 147.5)
d) Deus sabia que Jesus morreria (Ap 13.8, Jo 2.23)
e) Apesar disto, Jesus escolheu morrer.
A salvação é pela fé, não pelas obras (Ef 2.8,9). E Cristo morreu para garantir a salvação a todo aquele que nele crer (Lc 13.3, Jo 3.16-18, At 16.31; 17.30). Se não fosse assim, não fazia sentido a pregação do evangelho, como Cristo mandou fazer (Mc 16.15).
O homem tem o direito de escolha, dado por Deus. Assim, a criatura pode resistir ao chamado do Criador (Mt 23.37, At 7.51, Jo 1,11,12). Portanto, a salvação também tem uma pequena participação humana: aceitar a oferta de Deus – a Salvação em Cristo. O homem tem poder sobre sua própria vontade (1 Co 7.37). Assim, o Espírito Santo conduz a Cristo somente aqueles que o permitem.
Importância desta doutrina
Se toda a iniciativa da salvação é de Deus, então pode gloriar-se de ser salvo, mas temer Aquele que o salvou (Rm 11.20,21).
Se a salvação é oferecida a todos, desde que creiam e aceitem a Cristo, devemos pregar a Palavra de salvação a todos, a fim de salvar a muitos (1 Co 9.22). Somos como os leprosos que descobriram uma abundante benção que pode salvar a todos e não podemos ficar calados (2 Rs 7).
Obras consultadas:
DUFFIELD, Guy P.; VAN CLEAVE, Nathaniel M. Fundamentos da Teologia Pentecostal. São Paulo: Quadrangular, 2000.
GEISLER, Norman. Eleitos, Mas Livres. São Paulo: Vida, 2001.
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 1996.
SEVERA, Zacarias de Aguiar. Manual de Teologia Sistemática. Curitiba: A.D.Santos, 1999.
WILEY, H. Orton; CULBERTSON, Paul T. Introdução à Teologia Cristã. São Paulo: Casa Nazarena de Publicações, 1990.
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O Pecado

O PECADO
Leitura: 1 Jo 3.1-16
Definição de Pecado
A palavra pecado, do vocábulo grego hamartia, significa errar o alvo (Tg 4.17; Rm 3.23). O pecado não é uma deformação psicológica, mas sim um ato voluntário de rebeldia e desobediência do homem contra o seu Criador. Grudem define o pecado por “deixar de se conformar à lei moral de Deus, seja em ato, seja em atitude, seja em natureza. O pecado não é eterno, como prega o dualismo, mas originou-se na deturpação do bem, que tem origem em Deus.
Podemos ainda definir o pecado como:
Uma inclinação interior – não é simplesmente atos errados, mas pecaminosidade. Pecamos porque somos pecadores (Sl 51.5; Ef 2.3; Mt 7.17,18)
Desobediência e rebelião – o homem rebelou-se contra a autoridade de Deus ao rejeitar Sua prerrogativa de certo e errado (Tg 1.13-15; Hb 2.2)
Transgressão – o homem transgrediu a lei de Deus ao rejeitar Seu mandamento (Tg 1.15; 1 Jo 3.4).
A desobediência, na maioria das vezes, está latente, escondida no coração. A transgressão sempre está patente e exposta. Isto significa que toda a ação contra Deus, seja escondida ou revelada, é pecado.
Origem do Pecado
1. DEUS NÃO É O SEU AUTOR. Esta idéia é claramente excluída pela Escritura (Jó 34.10). Ele é o santo Deus (Is 6.3), e absolutamente não há falta de retidão nele (Dt 32.4; Sl 92.16). Ele não pode ser tentado pelo mal, e Ele próprio não tenta a ninguém (Tg 1.13). Quando criou o homem, criou-o bom e à Sua imagem. Ele positivamente odeia o pecado, (Dt 25.16; Sl 5.4; 11.5; Zc 8.17; Lc 16.15) e em Cristo fez provisão para libertar do pecado o homem.
2. O PECADO ORIGINOU-SE NO MUNDO ANGÉLICO.
Os anjos eram todos bons, quando foram criados (Gn 1.31), antes da criação do mundo e dos seres viventes. Lúcifer, um querubim (Is 14.12-15 e Ez 28.13-17), invejando a posição de Deus e da formosura das coisas celestiais, intentou no seu coração usurpar a posição divina, promovendo uma rebelião nos céus. Em conseqüência, foi expulso do céu, juntamente com todos os seres angelicais que participaram da revolta (Ap 12.4). A ocasião exata dessa queda não é indicada, mas em Jo 8.44 Jesus fala do diabo como assassino desde o princípio e em 1 Jo 3.8 diz João que o diabo peca desde o princípio (entenda-se: princípio da história do homem). Muito pouco se diz sobre o pecado que ocasionou a queda dos anjos. Provavelmente o orgulho (1 Tm 3.6), e desejar ser como Deus em poder e autoridade (Jd 6). Não estavam contentes com a sua parte, com o governo e poder que lhes fora confiado. Se o desejo de ser semelhantes a Deus foi a tentação peculiar que sofreram, isto explica por que tentaram o homem nesse ponto particular.
3. A ORIGEM DO PECADO NA RAÇA HUMANA. O pecado teve início com a transgressão de Adão no paraíso e, portanto, com um ato perfeitamente voluntário da parte do homem. Adão se rendeu à tentação do inimigo e cometeu o primeiro pecado, comendo do fruto proibido. Assim, Adão passou a ser escravo do pecado (Rm 6.16; 2 Pe 2.19). Esse pecado trouxe consigo corrupção permanente, corrupção que, dada a solidariedade da raça humana, teria efeito, não somente sobre Adão, mas também sobre todos os seus descendentes, pois como resultado da queda, o pai da raça transmite uma natureza depravada aos seus descendentes. Sendo Adão o representante da raça humana, a culpa do seu pecado é posta na conta de todos, pelo que todos são passíveis de punição e morte (Rm 5.12). Deus adjudica a todos os homens a condição de pecadores culpados em Adão, exatamente como adjudica a todos os crentes a condição de justos em Jesus Cristo (Rm 5.18, 19).
O pecado não originou-se na limitação do homem, pois ele era limitado fisicamente, mas moralmente habilitado a não pecar. Não originou-se na sensualidade (sentidos), pois o homem foi criado perfeitamente bom (Ec 7.29). O pecado do homem foi um ato livre de sua vontade (1 Co 15.21,22; 1 Tm 2.13,14).
Universalidade do Pecado
O pecado passou de Adão a todos aqueles que nasceram após ele (1 Rs 8.46; Sl 143.2; Ec 7.20; Rm 3.10,12,23; 1 Jo 1.8), com a única exceção de Jesus (1 Jo 3.5; Hb 4.15), que foi gerado pelo Espírito de Deus (Mt 1.20). A este pecado universal, foi dada uma condenação universal (Rm 6.23), mas a esta condenação um perdão universal (Rm 5.18-19). A universalidade do pecado é manifestada em formas distintas:
• Pecado Original: Pecado que nasceu no coração de Adão, implantado pela tentação de Satanás (Hb 11.13; 1 Pe 4.6). Como conseqüência deste pecado: a) a mulher passou a experimentar sofrimento na maternidade (Gn 3.16) e sujeição ao marido; b) o solo foi amaldiçoado, passando a produzir coisas más (v17); c) o homem passou a ter um trabalho exaustivo (v19); d) a humanidade passou a um estado de morte espiritual (v19, Rm 5.12); e) os homens começaram a sentir medo, vergonha e separação de Deus (v8-11;22-24).
• Pecado Congênito: Pecado que passou a todos aqueles que nasceram depois de Adão. Todo o ser humano nasce com seu espírito morto, debaixo da condenação do pecado (Sl 51.5; 139.15-16; Hb 6.4-6; Rm 11.32). Quando o homem aceita a Cristo como Salvador, Deus perdoa o seu pecado, erradicando-o completamente através da propiciação efetuada pelo sangue de Cristo, e o homem se torna uma nova criatura (Jo 3.3). Este ato divino na vida do homem é chamado de regeneração (Tt 3.5).
• Pecado Venial: Depois de perdoado pelo sangue do sacrifício de Cristo e regenerado, o homem se tornar a pecar, pela sua própria concupiscência ou por uma tentação, pode ter o seu pecado perdoado. Jesus nos assegura o perdão, por meio de sua intercessão ao Pai, quando lhe pedimos perdão (1 Jo 1.9; 2.1; Ez 18.4).
Pecamos por omissão (Tg 4.17), por incredulidade (Rm 14.23), inconscientemente (Sl 19.12; 90.8),
Decair da graça
Existem três fatores principais que levam o homem a perder a salvação:
• Apostasia - Separação de Cristo (1Jo 5.16). Geralmente a pessoa começa a pregar contra uma ou mais doutrina cardinal (Hb 12.15).
• Rebelião - Se levanta contra a obra ou contra a Igreja Universal (Jd 12; Gn 4.9). O exemplo é Caim. Deus não aceitou o seu sacrifício, pelo conteúdo do sacrifício, mas por causa da rebelião do seu coração.
• Pecado contra o Espírito Santo - Rejeição completa à voz, à ação e à advertência do Espírito Santo (Mc 3.29; Hb 10.8). Este é chamado o pecado para a morte, a qual o Apóstolo João dizia: A este digo que não ore (1Jo 5.16; Hb 10:29; Mc 3:29).
Portanto, tenhamos pavor destes três tipos de pecados:
• O pecado da Apostasia — afastados de Cristo: 1 Jo 5.16; Hb 3.12; 10.26.
• O pecado da Rebelião — contra o povo de Deus: Gn 4.9; Jd 12.
• O pecado da Blasfêmia — contra o Espírito Santo: Mc 3.29; Hb 10.29.
Devemos deixar de lado todo pecado (Hb 12.1) e viver neste mundo em santidade (Tt 2.12) e comunhão com Cristo (1 Ts 5.10). Devemos fugir de todo pecado (1 Co 6.18; 10.14), como fez José (Gn 39.7-12).
Cristo pagou pelos nossos pecados e pode nos purificar de todos eles (1 Jo 1.7), se nos arrependermos e os confessarmos a Ele (v9).
Obras consultadas:
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Tradução Odayr Olivetti. Campinas: Luz Para o Caminho, 2000
EVANS, William; CODER, S. Maxwell. Exposição das Grandes Doutrinas da Bíblia. São Paulo: EBD, 2002.
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999.
THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em Teologia Sistemática. São Paulo: EBR, 2006.
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