quinta-feira, 25 de junho de 2009

REALIDADE

Realidade sonhada,
Palavras antagônicas de uma verdade utópica
Experimentada no calor da devoção
Porém dissipada no atrito da vivência
E perdida nos desafios e turbulência
De uma viagem distante e desconhecida
Realidade idealizada,
De difícil materialização
Fruto das vontades e desejos
De uma felicidade plena
Que vença toda luta
Que destrua a dor
Promessas desvalidas
Acolhidas no coração
sem antes passar no crivo da razão
Promessas que projetam uma felicidade utópica
Que só pode ser vivida no porvir
Mas que é vendida de forma banal
A incautos ávidos por socorro imediato
Manobras exploradoras a mercê de homens
Que negam a verdade para alimentar sádicos
E homens e mulheres cegos
Acostumados a ouvir o que querem
Incapazes de confrontar seus ideais religiosos com a realidade em que vivem
Realidade vivenciada
Aquela que desafia a fé
Que faz chorar, gritar de dor
Dor dilacerante causada pela morte
Pelo sofrimento, pela miséria
Miséria física, miséria financeira, cultural e social
De um mundo corrompido entregue a própria sorte
Sorte traçada por nossas mãos
De que adianta orar pela paz mundial
Enquanto se mede força dentro de casa
De que adianta lindos cultos de missões
Enquanto nossos vizinhos morrem sem salvação
De que adianta correntes de oração em empresas
Enquanto os empresários são desonestos e maus gestores
De que adianta nossos cultos onde pedimos e pedimos
E nunca lembramos que o culto é lugar de oferecer
Culto não é lugar de carregar baterias
Culto é lugar de se esvaziar
Esvaziar de si mesmo
Tornar-se pequeno
E entronizar aquele que até então é vendido como amuleto
Como o grande realizador de sonhos
O único que pode fazer feliz
Sim, Ele pode fazer feliz
Porém não essa felicidade que buscamos
A felicidade da isenção
Essa Ele não tem para oferecer
Pelo menos é assim que penso
Pelo menos é assim que vejo
Pelo menos assim é a realidade.

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