terça-feira, 4 de maio de 2010

UMA IGREJA QUE OBEDECE


Nenhum povo ou qualquer segmento social sobrevive sem leis, constituições, regimes, princípios éticos e morais.
 
 Deuteronômio é um livro que fala de alianças, de lei, benefícios da obediência, e da maldição em decorrência da desobediência. A Bíblia grega LXX (Septuaginta) dá-lhe o nome de “Deuteronomium” que significa “repetição da lei”. Sua mensagem é pertinente a todos, em todos os tempos da história. Principalmente na chamada pós-modernidade onde predominam certos valores que depreciam o homem, incentivando-o à orgia e à banalidade. Para compreendê-lo, é preciso observar dois fatos:
Contexto histórico de Deuteronômio. Após a morte de José, aproximadamente no ano 1.780 a.C., surgiram várias dinastias egípcias. Levantava uma, depois outra mais poderosa surgia e subjugava a anterior. Na 19ª dinastia, a dos Ramsés I e II, temos os faraós do livro do Êxodo. E a Bíblia diz que esse novo faraó não conhecia nem a José, e nem ao Senhor. Por isso escraviza os filhos de Israel e o povo sofre por 400 anos.
Nesse tempo, Deus levanta Moisés, um tipo de Cristo, para libertar o povo, e ser o seu legislador. O povo sai do Egito e se dirige ao Sinai, uma caminhada de uns três meses. Ali permanecem por um ano e, então, viajam mais 320 quilômetros, até Cades-Barnéia, fronteira de Canaã.
Mas algo estranho acontece neste momento da história. O povo não está preparado para apossar-se da terra e ficou mais 38 anos acampado nas planícies de Moabe, próximo ao rio Jordão. Mas, porque Deus tirou o povo do Egito? Para ficar vagueado pelo deserto?
Contexto teológico. O que Javé desejava ensinar ao seu povo? Segundo o escritor e historiador Paul Hoff, Deus tinha alguns propósitos a concretizar: “Deus colocou os israelitas na escola preparatória do deserto a fim de que as provações os disciplinassem e adestrassem para conquistarem a terra prometida; Deus desejava que os Israelitas aprendessem a depender inteiramente dele; Deus conduziu-os ao deserto para prová-los se o obedeceriam ou não”.
Com essa história toda, podemos aprender três coisas importantes sobre a obediência:
 Caminha no temor do Senhor - v. 12a.
Obedecer não significa medo patológico de Deus, e sim, reverência, honra, louvor, adoração. Mesmo porque “O temor do Senhor é o principio da sabedoria”, Sl 111: 10. Obedecê-lo é um ato de sabedoria e inteligência diante das problemáticas do dia-a-dia. O cristão e a igreja sábios não obedecem por obrigação, mas porque sabem que Deus sempre tem os melhores resultados da vida.
Em certa ocasião, o povo de Israel queria ouvir a voz do Senhor diretamente e, quando Deus falou, o povo ficou com medo. Para aqueles que estão nos caminhos divinos, a voz divina produz refrigério na alma. Para esses a obediência significa ter um coração aberto para Deus: “rasgai os vossos corações e não as vossas vestes”, Joel 2: 13.
Não precisamos obedecer a Deus por medo de ser castigados. Jesus condenou os escribas e fariseus hipócritas porque viviam no legalismo religioso, condenando as pessoas, mas suas vidas eram verdadeiros sepulcros caiados. Eles colocavam medo no coração das pessoas para que elas obedecessem. Porém esse nunca foi o melhor caminho: “obedecer é melhor do que sacrificar”, 1Sm 15: 22. A obediência sempre produz grandes e maravilhosos resultados na vida cristã.
 Faz a vontade de Deus por amor - v. 12c.
Jesus resumiu toda a lei e os profetas em dois mandamentos: amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a ti mesmo, Mc 12: 23. A obediência é a maior prova de amor que o cristão dá a Deus: “aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama, e todo aquele que me ama será amado de meu pai, e eu também o amarei, e me manifestarei a ele!”, Jo 14: 21.
O amor a Deus é o resultado de um coração convertido a Ele. Jesus, após ressuscitar, estava reunido com seus discípulos e pergunta a Pedro: “Simão filho de João, você me ama mais do que estes outros?”. Ele responde: “sim Senhor eu te amo”. Jesus continua: “então apascente minhas ovelhas”. Jesus pergunta, mais uma, e uma terceira vez, só que desta vez Pedro se entristece.
O que há de curioso nesse diálogo? No grego existem três palavras que são traduzidas por amor: eros, fileo e ágape. Quando Jesus pergunta a Pedro, Ele usa a palavra “ágape” e Pedro lhe responde com a palavra “fileo”. O Senhor deseja saber, que tipo de amor você tem a lhe oferecer: um amor condicional às suas realidades, às suas comodidades, da maneira que melhor lhe agrade, ou, um amor genuíno como o amor que Deus tem a lhe oferecer?
Amar a Deus implica em renúncias. Muitos querem amar a Deus e viver no pecado. O próprio Jesus disse que não há possibilidades da agradar a dois senhores. Vai amar a um e aborrecer ao outro. Você, como igreja, está disposto a obedecer-lhe em amor? Está disposto a abrir mão da sua própria vida por amor a Deus? “Mas Deus prova do seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”, Rm 5: 8.
 É fiel ao compromisso assumido com o Deus
Em Deuteronômio, Deus estava dando as últimas instruções àquele povo. A geração que saiu do Egito havia morrido, restando apenas Moisés, Josué, e Calebe. O Senhor desejava que o povo guardasse os seus mandamentos para que fossem abençoados. Eles deveriam ter compromisso com a Palavra de Deus.
Hoje temos visto o pragmatismo religioso dominando o povo de Deus. Vivemos em uma geração que anda muito ocupada e busca coisas prontas, para simplificar suas vidas. Há crentes que deixam de ir à igreja porque é mais cômodo assistir ao culto pela internet. Outros têm corrido atrás de “profetas” porque já não oram, não jejuam, não buscam mais a face do Senhor. Alguns andam atrás de “fórmulas milagrosas” para resolver seus problemas.
Onde está o compromisso com Deus? As pessoas têm caído no engano de muitos porque lhes falta o conhecimento de Deus e de Sua palavra: “o meu povo perece porque lhe falta conhecimento”, Os 4: 6. Jesus certa vez advertiu os escribas e fariseus dizendo: “errais não conhecendo as escrituras e nem o poder de Deus”, Mt 22: 29. Não existem fórmulas, nem eficiência no sal grosso, na folha de arruda ou na fitinha vermelha para ser liberto. A única verdade que liberta o homem é Jesus, Jo 8: 32 e 36.
 Considerações finais
Temor, amor e compromisso! Três marcas registradas que fazem parte de uma vida de obediência e adoração a Deus. Como está sua vida como cristão, como servo, como filho? Lembre-se: uma igreja que obedece caminha em temor do Senhor, faz a vontade de Deus em amor e é fiel ao compromisso com o Senhor e sua igreja.
Que Deus abençoe a todos!
Artigo publicado no Jornal Aleluia de fevereiro de 2008.
            Inserido em 14 de fevereiro de 2008.
            Página atualizada em 12/06/2009

            Émerson Pereira da Silva é obreiro da Primeira IPR de Vila Velha, ES,
            atuando na congregação de Ponta da Fruta, ES.

Nenhum comentário: