quinta-feira, 30 de junho de 2011

FRACASSO.


Durante minha vida me esmerei por fazer todas as coisas da melhor maneira possível e sem ferir ou atacar a outrem, não fui daqueles que recebeu demonstrações esfuziantes de carinhos e afeto, mas desde cedo aprendi a observar como as coisas aconteciam a minha volta, foi assim que aprendi a me manter calado, pelo menos até que algumas posições fossem tomadas para então repartir com todos meus sentimentos e a forma pela qual eu via determinado assunto.

Sempre nutri dentro de mim um desejo muito forte de ser melhor, pois aprendi desde cedo que o cristão precisava ser exemplo, foi com esse pensamento em primeiro plano que alcancei sucesso em todos os empreendimentos que me envolvi.

A derrota jamais fez parte das possibilidades que eu permitia que se apresentassem a mim e assim fui galgando degraus em meus relacionamentos tanto pessoal como empresarial.

Tudo isso sempre teve forte impacto na minha vida e da minha família, principalmente quando experimentei o gosto amargo do fracasso.  

Não me recordo de em algum momento ter-me detido em divagações sobre o fracasso, apesar de conscientemente não ignorá-lo, devo confessar que sentia certa imunidade sobre isso. O fracasso dificilmente será mensurado por outrem, devido a subjetividade do tema, ou seja, o que é fracasso para um pode muito bem não ser para outro, para o sucesso ou o fracasso podem haver definições ambíguas dos critérios que os estabelecem.

O trauma maior, não foi primariamente as conseqüências pessoais que advieram sobre minha vida, mas foi na verdade os efeitos gerados a outrem. Pessoas de perto e de longe acabaram sendo atingidas pelos estilhaços do meu fracasso, talvez esse seja para mim o maior dano, aquele com o qual não tenho forças para lidar ou superar.

Sinto-me como o paraplégico que vê seus membros em perfeito estado, mas esta incapacitado de movê-los, mesmo que movimentá-los venha a representar salvar a própria vida. O pecado para Deus é quando transgredimos um de seus preceitos, é quando agimos contra seus princípios, quando rejeitamos a voz do Espírito Santo que age em nossas consciências. Diante dessa definição entendemos não haver distinção entre um pecado e outro, quer dizer, não há peso para diferenciar um pecado do outro. Mas não é assim que humanamente vemos o pecado, eu mesmo pensei que a definição didática de que não existe pecadinho nem pecadão para Deus fosse suficiente, mas descobri que não.

Certa vez um casal me procurou para fazer uma confissão: “tivemos uma relação sexual” estavam noivos e se apresentaram a mim envergonhados pelo acontecido, expliquei do peso de tal atitude não meramente pelo ato, mas o que essa infidelidade de um para com o outro viria a representar no futuro, conversamos um pouco mais e os despedi, antes de saírem, me perguntaram: “mas, é só isso, não haverá nenhuma punição, o Sr. Não vai nos disciplinar?” Calmamente respondi que não, pois o gesto de me procurarem de imediato e reconhecendo o erro era suficiente.

Estou longe de entender o sentido da graça de Deus, não porque me sinta impedido diante dEle, mas porque pessoalmente fracassei comigo mesmo e com os demais.

A tempera da espada precisa da forja e da bigorna da marreta e da água fria, só assim se alcança a forma desejada.

Reinaldo.

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