Durante minha vida me esmerei por
fazer todas as coisas da melhor maneira possível e sem ferir ou atacar a
outrem, não fui daqueles que recebeu demonstrações esfuziantes de carinhos e
afeto, mas desde cedo aprendi a observar como as coisas aconteciam a minha
volta, foi assim que aprendi a me manter calado, pelo menos até que algumas
posições fossem tomadas para então repartir com todos meus sentimentos e a
forma pela qual eu via determinado assunto.
Sempre nutri dentro de mim um
desejo muito forte de ser melhor, pois aprendi desde cedo que o cristão
precisava ser exemplo, foi com esse pensamento em primeiro plano que alcancei
sucesso em todos os empreendimentos que me envolvi.
A derrota jamais fez parte das
possibilidades que eu permitia que se apresentassem a mim e assim fui galgando
degraus em meus relacionamentos tanto pessoal como empresarial.
Tudo isso sempre teve forte
impacto na minha vida e da minha família, principalmente quando experimentei o
gosto amargo do fracasso.
Não me recordo de em algum
momento ter-me detido em divagações sobre o fracasso, apesar de conscientemente
não ignorá-lo, devo confessar que sentia certa imunidade sobre isso. O fracasso
dificilmente será mensurado por outrem, devido a subjetividade do tema, ou
seja, o que é fracasso para um pode muito bem não ser para outro, para o
sucesso ou o fracasso podem haver definições ambíguas dos critérios que os
estabelecem.
O trauma maior, não foi
primariamente as conseqüências pessoais que advieram sobre minha vida, mas foi
na verdade os efeitos gerados a outrem. Pessoas de perto e de longe acabaram
sendo atingidas pelos estilhaços do meu fracasso, talvez esse seja para mim o
maior dano, aquele com o qual não tenho forças para lidar ou superar.
Sinto-me como o paraplégico que
vê seus membros em perfeito estado, mas esta incapacitado de movê-los, mesmo
que movimentá-los venha a representar salvar a própria vida. O pecado para Deus
é quando transgredimos um de seus preceitos, é quando agimos contra seus
princípios, quando rejeitamos a voz do Espírito Santo que age em nossas
consciências. Diante dessa definição entendemos não haver distinção entre um
pecado e outro, quer dizer, não há peso para diferenciar um pecado do outro.
Mas não é assim que humanamente vemos o pecado, eu mesmo pensei que a definição
didática de que não existe pecadinho nem pecadão para Deus fosse suficiente,
mas descobri que não.
Certa vez um casal me procurou
para fazer uma confissão: “tivemos uma relação sexual” estavam noivos e se
apresentaram a mim envergonhados pelo acontecido, expliquei do peso de tal
atitude não meramente pelo ato, mas o que essa infidelidade de um para com o
outro viria a representar no futuro, conversamos um pouco mais e os despedi,
antes de saírem, me perguntaram: “mas, é só isso, não haverá nenhuma punição, o
Sr. Não vai nos disciplinar?” Calmamente respondi que não, pois o gesto de me
procurarem de imediato e reconhecendo o erro era suficiente.
Estou longe de entender o sentido
da graça de Deus, não porque me sinta impedido diante dEle, mas porque
pessoalmente fracassei comigo mesmo e com os demais.
A tempera da espada precisa da
forja e da bigorna da marreta e da água fria, só assim se alcança a forma
desejada.
Reinaldo.
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