Há séculos a igreja “de” Cristo saiu de seus trilhos.
Qualquer um que leia sem muita atenção o livro dos Atos dos Apóstolos chega a
essa conclusão. Deus não muda. Então o que mudou para que nos distanciássemos
tanto dos moldes da igreja primitiva?
Estamos anestesiados por um modelo de igreja que a muito
dista dos moldes apostólicos que fez da igreja primitiva uma comunidade
poderosa.
Na Roma antiga, a escravidão na
zona rural fez com que vários camponeses perdessem o emprego e migrassem. O
crescimento urbano acabou gerando problemas sociais e o imperador, com medo que
a população se revoltasse com a falta de emprego e exigisse melhores condições
de vida, acabou criando a política “panem et circenses”, a política do pão e circo. Este método era muito
simples: todos os dias havia lutas de gladiadores nos estádios (o mais famoso
foi o Coliseu) e durante os eventos eram distribuídos alimentos (trigo, pão). O
objetivo era alcançado, já que ao mesmo tempo em que a população se distraia e
se alimentava também esquecia os problemas e não pensava em rebelar-se. Foram
feitas tantas festas para manter a população sob controle, que o calendário
romano chegou a ter 175 feriados por ano.
Essa é a idéia, entreter o
povo, são: vigílias, congressos, acampamentos, festivais, cultos festivos,
ministérios, células, mega espetáculos, shows, “exorcismos”, pregadores aos
gritos, mensagens que massageiam o ego dos ouvintes e todos vão satisfeitos
para casa: o crente porque cumpriu seu papel semanal, foi a igreja, cantou,
trabalhou, dizimou ou ofertou ouviu uma mensagem esfuziante de que a vitória
esta próxima e esta feliz da vida. Do outro lado o clero, feliz igual, boa
arrecadação, o número de freqüentadores aumentou e de quebra receberam muitos
elogios no final.
A mensagem central da comunidade primitiva era a
ressurreição de Cristo, da sua vitória sobre a morte, o tema é revolucionário,
nunca ninguém voltou da morte, três dias se passaram, Jesus ressuscitou, muitos
o viram e agora davam testemunho verdadeiro do cumprimento de suas palavras. A
igreja contemporânea prefere abalar o século com marchas e juntando centenas de
milhares para shows, onde a glória nunca foi para Jesus, e nunca beneficia seus
espectadores mas sim uma meia dúzia que só vê crescer seu patrimônio e a cada
dia mais distantes ficam de seus espectadores, são seguranças, carrões e
mansões que não são compatíveis com a média daqueles que os reverenciam como “ungidos”.
Há muitos se deixou de pregar o verdadeiro evangelho o que se vê muito hoje é
uma pregação nos moldes das palestras motivacionais. Basta colocar um texto
bíblico e pronto, É DE DEUS MEU IRMÃO. Uma mensagem evangélica tem sido pregada
por séculos e vem como parte da herança de uma igreja tradicional, cheia de
sabedoria e filosofia humanas, não como uma revelação da parte de Deus. Em vez
dos pregadores do evangelho serem testemunhas, são apenas produtos de treinamento
pelo sistema atual. E assim o mundo quase não está dando atenção ou ouvidos a
este evangelho.
Mas qual deve ser nossa mensagem? E como devemos recebê-la?
Como os apóstolos, temos que ser testemunhas. Mas testemunha de quê? Todo
crente deve ter alguma experiência com Cristo, mas isto não é suficiente para
testificar com o poder e autoridade dos apóstolos. Os discípulos andaram três
anos e meio com Jesus, mas ainda não puderam dar testemunho de Cristo. Pedro
negou seu Mestre três vezes, e todos correram na hora de sua morte. Todas as
experiências foram importantes, mas o que revolucionou suas vidas e testemunhos
foi o Cristo ressuscitado e vitorioso lhes aparecer atrás de portas trancadas
(Jo 20:19-23). Jesus não se revelou ao mundo depois de ressuscitar, mas apenas
a poucos escolhidos, como Pedro fala em Atos 10:41 “... não a todo o povo mas
às testemunhas que foram anteriormente escolhidas por Deus. E antes de subir
para o Pai, Jesus lhes contou o resto do segredo, isto é, de esperar a promessa
do Espírito Santo.
Não foi suficiente os discípulos verem Jesus ressuscitado
atrás de portas trancadas. Tinham também que receber o Espírito Santo, que lhes
revelaria o mesmo Cristo ressuscitado, fazendo-o testemunhas dele não apenas
naturalmente, mas também espiritualmente. Esta revelação por meio do Espírito
Santo foi indispensável ao testemunho dos apóstolos, como Jesus lhes falara
antes em João 15:26-27: “... o Espírito
da verdade, que dele procede, este dará testemunho de mim; e vós também
testemunhareis porque estais comigo desde o princípio.” Aqui vemos as duas
partes claramente: o testemunho ocular da vida de Cristo na terra e o
testemunho do Espírito Santo que lhes revelava o Cristo vivo constantemente.
Para nós sermos testemunhas de Jesus Cristo nestes últimos
dias, com resultados comparáveis à comunidade primitiva, temos que ter uma experiência espiritual com ele tão real quanto
a dos primeiros apóstolos. E temos a promessa de tal revelação em 1 Joao 3:2,3:
“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de
ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque
havemos de vê-lo como ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta
esperança, assim como ele é puro.” A maioria do povo de Deus só pensa no
arrebatamento secreto da igreja, mas é tempo que entendamos a missão que Deus
tem para seu povo nestes últimos dias. Se Jesus só vier para arrebatar sua
igreja, então nunca podemos ser
testemunhas dele, e, portanto, a igreja sempre ficará na sua condição fraca e
dividida. Mas Jesus vai se manifestar no Espírito, aos que têm esta esperança,
e estão se purificando como ele é puro.
Quando recebermos esta revelação de Jesus Cristo, seremos
semelhantes a ele, porque havemos de vê-lo como ele é. Esta transformação, que
ocorrerá em nós, não será apenas para nosso beneficio, mas terá a finalidade de
nos fazer testemunhas do Cristo vivo.
Sola Gratia
Reinaldo
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