domingo, 3 de julho de 2011

"E SEREIS MINHAS TESTEMUNHAS"


Há séculos a igreja “de” Cristo saiu de seus trilhos. Qualquer um que leia sem muita atenção o livro dos Atos dos Apóstolos chega a essa conclusão. Deus não muda. Então o que mudou para que nos distanciássemos tanto dos moldes da igreja primitiva?

Estamos anestesiados por um modelo de igreja que a muito dista dos moldes apostólicos que fez da igreja primitiva uma comunidade poderosa.

Na Roma antiga, a escravidão na zona rural fez com que vários camponeses perdessem o emprego e migrassem. O crescimento urbano acabou gerando problemas sociais e o imperador, com medo que a população se revoltasse com a falta de emprego e exigisse melhores condições de vida, acabou criando a política “panem et circenses”,  a política do pão e circo. Este método era muito simples: todos os dias havia lutas de gladiadores nos estádios (o mais famoso foi o Coliseu) e durante os eventos eram distribuídos alimentos (trigo, pão). O objetivo era alcançado, já que ao mesmo tempo em que a população se distraia e se alimentava também esquecia os problemas e não pensava em rebelar-se. Foram feitas tantas festas para manter a população sob controle, que o calendário romano chegou a ter 175 feriados por ano.

Essa é a idéia, entreter o povo, são: vigílias, congressos, acampamentos, festivais, cultos festivos, ministérios, células, mega espetáculos, shows, “exorcismos”, pregadores aos gritos, mensagens que massageiam o ego dos ouvintes e todos vão satisfeitos para casa: o crente porque cumpriu seu papel semanal, foi a igreja, cantou, trabalhou, dizimou ou ofertou ouviu uma mensagem esfuziante de que a vitória esta próxima e esta feliz da vida. Do outro lado o clero, feliz igual, boa arrecadação, o número de freqüentadores aumentou e de quebra receberam muitos elogios no final.

A mensagem central da comunidade primitiva era a ressurreição de Cristo, da sua vitória sobre a morte, o tema é revolucionário, nunca ninguém voltou da morte, três dias se passaram, Jesus ressuscitou, muitos o viram e agora davam testemunho verdadeiro do cumprimento de suas palavras. A igreja contemporânea prefere abalar o século com marchas e juntando centenas de milhares para shows, onde a glória nunca foi para Jesus, e nunca beneficia seus espectadores mas sim uma meia dúzia que só vê crescer seu patrimônio e a cada dia mais distantes ficam de seus espectadores, são seguranças, carrões e mansões que não são compatíveis com a média daqueles que os reverenciam como “ungidos”. Há muitos se deixou de pregar o verdadeiro evangelho o que se vê muito hoje é uma pregação nos moldes das palestras motivacionais. Basta colocar um texto bíblico e pronto, É DE DEUS MEU IRMÃO. Uma mensagem evangélica tem sido pregada por séculos e vem como parte da herança de uma igreja tradicional, cheia de sabedoria e filosofia humanas, não como uma revelação da parte de Deus. Em vez dos pregadores do evangelho serem testemunhas, são apenas produtos de treinamento pelo sistema atual. E assim o mundo quase não está dando atenção ou ouvidos a este evangelho.

Mas qual deve ser nossa mensagem? E como devemos recebê-la? Como os apóstolos, temos que ser testemunhas. Mas testemunha de quê? Todo crente deve ter alguma experiência com Cristo, mas isto não é suficiente para testificar com o poder e autoridade dos apóstolos. Os discípulos andaram três anos e meio com Jesus, mas ainda não puderam dar testemunho de Cristo. Pedro negou seu Mestre três vezes, e todos correram na hora de sua morte. Todas as experiências foram importantes, mas o que revolucionou suas vidas e testemunhos foi o Cristo ressuscitado e vitorioso lhes aparecer atrás de portas trancadas (Jo 20:19-23). Jesus não se revelou ao mundo depois de ressuscitar, mas apenas a poucos escolhidos, como Pedro fala em Atos 10:41 “... não a todo o povo mas às testemunhas que foram anteriormente escolhidas por Deus. E antes de subir para o Pai, Jesus lhes contou o resto do segredo, isto é, de esperar a promessa do Espírito Santo.

Não foi suficiente os discípulos verem Jesus ressuscitado atrás de portas trancadas. Tinham também que receber o Espírito Santo, que lhes revelaria o mesmo Cristo ressuscitado, fazendo-o testemunhas dele não apenas naturalmente, mas também espiritualmente. Esta revelação por meio do Espírito Santo foi indispensável ao testemunho dos apóstolos, como Jesus lhes falara antes em João 15:26-27: “...  o Espírito da verdade, que dele procede, este dará testemunho de mim; e vós também testemunhareis porque estais comigo desde o princípio.” Aqui vemos as duas partes claramente: o testemunho ocular da vida de Cristo na terra e o testemunho do Espírito Santo que lhes revelava o Cristo vivo constantemente.

Para nós sermos testemunhas de Jesus Cristo nestes últimos dias, com resultados comparáveis à comunidade primitiva, temos que ter  uma experiência espiritual com ele tão real quanto a dos primeiros apóstolos. E temos a promessa de tal revelação em 1 Joao 3:2,3: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque havemos de vê-lo como ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro.” A maioria do povo de Deus só pensa no arrebatamento secreto da igreja, mas é tempo que entendamos a missão que Deus tem para seu povo nestes últimos dias. Se Jesus só vier para arrebatar sua igreja,  então nunca podemos ser testemunhas dele, e, portanto, a igreja sempre ficará na sua condição fraca e dividida. Mas Jesus vai se manifestar no Espírito, aos que têm esta esperança, e estão se purificando como ele é puro.

Quando recebermos esta revelação de Jesus Cristo, seremos semelhantes a ele, porque havemos de vê-lo como ele é. Esta transformação, que ocorrerá em nós, não será apenas para nosso beneficio, mas terá a finalidade de nos fazer testemunhas do Cristo vivo.

Sola Gratia

Reinaldo

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