domingo, 5 de julho de 2009

MORRI

Feri-me e
Mataram-me
Haviam algumas possibilidades
Mas matar-me era a mais simples
A que traria menos explicações
Afinal o ferimento era grande e profundo demais
Era impossível de ser escondido
Não havia como fazer de conta que não aconteceu
E ainda redundaria num prazer doentio
Afinal foi um auto ferimento
De decisão particular
Todos viram, não restou dúvidas a ninguém
Em todo lugar o fato ficaria no passado
Não aqui!
Aqui não!
Não no seio da igreja
Os santos não toleram pecadores
São raça eleita, sacerdócio real
Não se misturam, não agonizam, não sofrem
Não a dor de outrem.
Se estendem a mão
É para fazer do dedo uma seta
Seta que aponta, que escarnece.
Se estendem a mão
É para atirar pedras
Pedras em um corpo inerte
Morto!
Ninguém é culpado
Apenas eu.
Reinaldo 

Um comentário:

Anônimo disse...

Existe uma dureza quase insuportável em toda a fala...
E isso não é verdade!
Não devemos nos culpar tanto assim, porque a rigor só fazem conosco o que permitimos que façam!
Quem não tiver pecados que atire a primeira pedra!!!